Cohab Minas entrega 50 casas a famílias em Brasília de Minas

A Cohab Minas entregou, no último sábado, dia 21/03, as 50 casas do Conjunto Habitacional Chacreamento Interlagos II, em Brasília de Minas, no Norte do Estado. A cerimônia contou com a presença do vice-presidente da Companhia, Alessandro Marques; do Secretário de Estado de Integração e Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor), Paulo Guedes; do diretor do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), Gustavo Xavier; do gerente regional da Emater, Frederico Rodrigues Botelho; do prefeito Jair Oliva Júnior e demais autoridades municipais.

A construção das moradias em Brasília de Minas recebeu investimento de R$2,3 milhões, sendo R$ 873 mil do Governo de Minas, R$ 1,2 milhão do Governo Federal e R$180 mil do município. Em sua primeira inauguração pela Companhia, o vice-presidente Alessandro Marques agradeceu a presença de todos e parabenizou as famílias atendidas. Ele reforçou o compromisso da Cohab Minas de trabalhar constantemente para reduzir o déficit habitacional no Estado. Já o secretário Paulo Guedes disse que a entrega das casas é mais um dos benefícios do governo para proporcionar melhores condições de vida às famílias carentes.

Histórias de vida

Subir ao palco e tocar pela primeira vez as chaves da casa própria pode ser o divisor de águas para famílias com histórias que renderiam livros ou roteiros de cinema. Elza da Mota Santos, 66, e João Batista dos Santos, 68, por exemplo, viveram duas viradas que mudaram completamente sua condição de vida. Casados há 38 anos, ele natural de Cônego Marinho e ela de Manga, mudaram-se e construíram casa e vida em São Paulo, onde moraram por mais de 20 anos. Pais de duas filhas, o casal viu uma delas iniciar um namoro e passaram a ser vítimas de ameaças. O genro contraiu dívidas e tinha más amizades. Nessa altura, Elza e João decidiram realizar o sonho de voltar para o Norte de Minas, onde viviam os parentes. Essa foi a primeira grande mudança em suas vidas. Moraram em Januária, Cônego Marinho e finalmente em Brasília de Minas. A filha mais velha, agora casada, permaneceu em São Paulo. A mais jovem continuou morando com os pais.

O plano da família era vender a casa em São Paulo, comprar outra em Brasília de Minas e abrir uma padaria, ofício exercido por João Batista. Mas tudo começou a virar de pernas pro ar quando o genro de João Batista vendeu a casa. O dinheiro nunca chegou às mão do casal. Depois disso, João Batista sofreu um AVC, perdeu a fala e todos os movimentos do lado direito do corpo. Voltou a ser criança e, com isso, a família viu a vida mudar completamente. A casa nova será muito bem-vinda. O casal e a filha de 34 anos moram em uma casa alugada. Com a aposentadoria de dona Elza, o auxilio doença de João Batista e o que a filha consegue ganhar como diarista, eles pagam o aluguel de R$350, fraldas, sonda, remédios e as despesas da casa. “Esse aluguel é ‘abençoado’, para não dizer outra coisa. Amanhã, a gente está com a vitória na mão”, comemora dona Elza.

Quem também comemora a entrega das casas é Keila Patrícia dos Santos, 31. Antes de receber as chaves da casa própria, ela passou por momentos difíceis junto da irmã Renilde, 49, e do sobrinho Mateus, 18. Elas moravam com a família em Angicos, quando um dos irmãos teve um filho em Brasília de Minas. Como esse irmão já tinha outra mulher também grávida, o pequeno Mateus, abandonado pela mãe, ficou sem cuidados. Keila e Renilde viajaram para Brasília de Minas para conhecer a criança, então com 9 meses, e decidiram cuidar dela. “Mateus chorava muito e tinha um comportamento estranho. Na idade de andar e falar, ele não se desenvolvia”, conta Keila. Na época, ela procurou diagnóstico, mas os médicos não descobriam o que Mateus tinha.

Ainda sem diagnóstico, mas precisando frequentar a escola, Keila mudou-se com Mateus e a irmã para Brasília de Minas, onde existe uma Apae. Para que Mateus se sentisse seguro e ficasse na instituição, ela também precisava permanecer lá e acabou sendo contratada. Aos 12 anos, ele disse as primeiras palavras e só aos treze os médicos constataram que seu caso era de autismo. Hoje, aos 18 anos, ele frequenta a escola regular no período da manhã, sem a presença de Keila, e à tarde fica com uma cuidadora. Keila trabalha em outra escola, em dois turnos, também com crianças com autismo.

Hoje, a família mora em um barracão nos fundos do terreno que é propriedade da mãe de Keila. Quando há visitas ou a família se reúne, o comportamento de Mateus fica mais instável. “Acho que vai ser uma boa mudança, porque é um lugar mais tranquilo. Vai ser uma casa nossa e ele (Mateus) terá mais espaço”, comenta Keila.